Nesta segunda-feira (8), no Plenário da Câmara do Rio, a vereadora Tainá de Paula (PT) deu início à celebração do Mês da Consciência Negra no Legislativo carioca. A parlamentar entregou moções de reconhecimento e louvor a personalidades de destaque da comunidade negra, que fizeram parte de sua trajetória.
Mulher negra, Tainá de Paula mencionou os 50 anos da primeira celebração brasileira do dia 20 de novembro, quando, em 1971, um grupo de Porto Alegre fez um ato convocatório à resistência negra na capital gaúcha. "A data foi proposta em 1971, fruto da luta do movimento negro. Ela fortalece a referência histórica da cultura e da trajetória negras no Brasil".
A vereadora Tainá de Paula ainda falou dos desafios da comunidade negra. "Enfrentamos um dos piores processos de genocídio, de pós-escravatização, que este mundo já viu", apontou a parlamentar. Ela ainda lamentou o número reduzido de negros e negras no Legislativo municipal. "São apenas três mulheres e, no total, sete vereadores negros, em um universo de 51 parlamentares. Somos poucos não só numericamente, mas na forma organizada. Isso é dramático".
Da tribuna da Câmara do Rio, que leva o nome de Marielle Franco, vereadora negra assassinada em 2018, Tainá de Paula entregou as moções para negras e negros, entre eles Antonio Carlos Firmino, que participou do primeiro pré-vestibular comunitário para negros carentes fora da Baixada Fluminense, na Rocinha. "Nossa luta é cotidiana. Temos que acordar e pensar em sobrevivência, em resistência e em outras estratégias para fazer valer o que é de direito de todos nós", afirmou Firmino.
Dara Sant'Anna destacou a força da nova juventude negra. "Faço parte de uma geração que foi construída para pensar maior e grande. Faço parte de uma juventude que levará a igualdade racial e a justiça social e fará uma revolução social para que o Brasil seja realmente um país de todos e para todos".
Elza Serra disse que se sentia honrada por estar na Casa Legislativa recebendo a homenagem. "Nós enriquecemos esta nação com a nossa força de trabalho. O Brasil não seria o que é sem a raça negra. Somos o baluarte deste país". Já Wania Sant'Anna mencionou parlamentares negros que passaram pelo Legislativo carioca, como Benedita da Silva, Jurema Batista e Edson Santos. "Esta Casa tem história".
O coordenador executivo de Promoção da Igualdade Racial da Secretaria Municipal de Governo e Integridade Pública, Jorge Adolfo Freire e Silva, também esteve presente à solenidade. Ele falou da necessidade da presença de negros e negras nos poderes Executivo e Legislativo, e da importância da data. "O movimento negro sempre usou o mês inteiro para ampliar o dia 20 de novembro. Precisamos ir além do dia 20 de novembro", reforçou o gestor.
Rodrigo França dedicou sua moção a artistas negros, como Chica Xavier, Lea Garcia e Zezé Motta. "Esta moção é para o teatro negro brasileiro e para todos que trilharam e continuam trilhando para que o teatro negro brasileiro se perpetue cada vez mais".
Participou também da celebração o coordenador estadual do Coletivo Nacional de Juventude Negra - Enegrecer, Artur Sampaio.