Celebrando o Dia Nacional de Lutas da Pessoa com Deficiência, a Câmara Municipal do Rio realizou uma audiência pública, nesta terça-feira (21), para discutir as políticas públicas municipais voltadas às pessoas com deficiência. O debate foi conduzido pelo vereador Marcio Ribeiro (Avante), presidente da Comissão Permanente dos Direitos da Pessoa com Deficiência.
Pessoas com deficiência e seus familiares destacaram a necessidade de maior oferta de atividades esportivas adaptadas, políticas de inclusão no mercado de trabalho, além de acesso às terapias e a acessibilidade em ruas e calçadas da cidade. O fechamento de três Centros de Convivência da cidade, em fevereiro deste ano, também foi questionado pelos participantes.
Mãe de um jovem autista que frequentava o centro de Brás de Pina, Jandira Oliveira afirma que estes espaços são fundamentais para pessoas com deficiência. “Formamos uma comissão de pais e no início a gente lutava pelo não fechamento desses centros, agora lutamos pela reabertura desses locais. Não seria possível tornar os Centros de Convivência políticas públicas permanentes para que não possa ser fechado por vontade dos governantes?”, questiona Jandira.
A secretária municipal da Pessoa com Deficiência, Helena Werneck, explicou que, após uma análise técnica identificou-se uma de ociosidade entre 60 a 76% na capacidade física e de pessoal nestas unidades, portanto as atividades foram transferidas para os Centros de Referência da Pessoa Com Deficiência mais próximos, que são maiores e possuem uma maior estrutura.
A gestora reforçou ainda que haverá um incremento no orçamento da pasta para ampliar a capacidade de atendimentos. “O prefeito Eduardo Paes aumentou o orçamento para fazer dobrar os atendimentos, ampliando para 7 mil vagas. Faremos isso com a própria rede credenciada que já existe no município, sem precisar reabrir ou construir novas casas de convivência”, afirma Helena Werneck, destacando que milita na causa há mais de 30 anos, por ser mãe de uma jovem com Síndrome de Down.
A necessidade de integração entre políticas públicas de diversas pastas também foi outro ponto de discussão. Para Evelyn Mendes, coordenadora técnica da Associação da Assistência às Causas Sociais, é preciso a participação das mais diversas secretarias para avançar nas políticas voltadas às pessoas com deficiência.
“A Secretaria de da Pessoa com Deficiência não consegue trabalhar sozinha. Se não trabalhar as políticas nas vertentes integradas, não consegue resolver o problema das famílias. São questões que já deveriam estar ultrapassadas, mas estamos ainda discutindo temas com relação à inclusão, como presença de mediadores nas escolas, políticas voltadas a crianças autistas, pois o número de crianças entre 4 e 10 anos diagnosticadas com autismo só cresce. E cadê as políticas voltadas para elas?”, denuncia.
O presidente da comissão, vereador Marcio Ribeiro, também defende o envolvimento das secretarias de Assistência Social, Saúde, Transportes e Conservação nesta discussão para que as ações possam estar concatenadas às necessidades das pessoas com deficiência. “Quando a gente está fazendo uma obra do projeto Bairro Maravilha, por exemplo, precisamos nos preocupar com rampas de acessibilidade, quando estamos reformando praças, precisamos lembrar de brinquedos adaptados. A participação das diversas pastas é essencial para diminuir esse abismo entre as oportunidades e a inclusão de pessoa com deficiência na nossa cidade”
Vice-presidente da Comissão, que também é pai de uma criança com Síndrome de Down, o vereador Lindbergh Farias (PT) acredita que é preciso criar um espaço de escuta para as mais diferentes demandas.
“Precisamos de uma espécie de ouvidoria para facilitar o diálogo permanente de pessoas com deficiência e seus familiares, onde se escutasse e tentasse resolver problemas relacionados à educação, saúde, transporte, vagas no mercado de trabalho, necessidade de atendimentos especializados. Em sua criação, a Lei Brasileira de Inclusão tinha o lema: ‘Nada sobre nós sem nós’. Então, o nosso dever é escutar muito, porque é a partir da escuta que podem ser ofertadas soluções e políticas públicas mais eficientes", defende Lindbergh.
Inclusão nos esportes e no mercado de trabalho
Durante a audiência pública, os participantes também discutiram o acesso a equipamentos esportivos adaptados e as políticas de inclusão que permitam a geração de empregos e a superação ao preconceito que garantam a ocupação das pessoas com deficiência em postos de trabalho.
Das 27 vilas olímpicas da cidade, 17 delas já estão adaptadas e oferecem atividades para pessoas com deficiência. Atualmente, esses espaços atendem cerca de 800 pessoas. Sobre o Centro Municipal de Referência da Pessoa com Deficiência (CIAD), o secretário Municipal de Esportes e Lazer, Guilherme Schleder garante que deve ser reaberto em breve. “O CIAD tinha sido fechado na gestão anterior, mas estamos no processo licitatório para reabrir até o final do mês que vem, seguindo todos os protocolos contra a Coivd, para que possamos atender com segurança o maior número de pessoas”, garante Schleder.
Sobre a inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho, o Coordenador de Emprego e Geração de Renda na Secretaria Municipal do Trabalho e Renda, Tiago Romaneli, destacou que a pasta orienta e auxilia essas pessoas, bem como seus familiares, a solicitar a carteira de trabalho digital e serviços como o auxílio desemprego. A secretaria também atua como uma interlocutora entre empresas com vagas disponíveis e os trabalhadores com deficiência.
“Desde o começo do ano, captamos as vagas exclusivas para pessoas com deficiência, realizando encaminhamentos de trabalhadores e trabalhadoras com deficiência para entrevistas de emprego que resultaram em 93 colocações ou recolocações no mercado de trabalho”, informa Romaneli.
Participaram ainda da audiência a vereadora Tânia Bastos (Republicanos), Marcio Santos (PTB).