A Semana das Culturas Urbanas e Populares, organizada pela Comissão de Cultura da Câmara do Rio, foi aberta, nesta segunda-feira (7), com o debate "Cultura e Cidade”. Presidente do colegiado, o vereador Edson Santos (PT) afirmou que o propósito da reunião foi ouvir os diversos atores da cultura na cidade do Rio para que seja possível sistematizar políticas públicas e projetos de lei voltados ao incentivo e fortalecimento das atividades culturais na cidade do Rio de Janeiro.
Com um perfil variado entre os participantes do debate e com várias atividades que serão oferecidas ao longo da semana, como rodas de conversa, exposições e oficinas de capacitação, Edson Santos ainda falou sobre a importância da diversidade na cultura e das muitas formas de manifestação. “Nossa preocupação foi ser o mais abrangente possível no sentido de que sejam eventos caracterizados pela diversidade cultural, que é a marca da cidade do Rio”.
Para Anápuàka Tupinambá, comunicador e empreendedor indígena, o debate é importante para que todos possam ocupar territórios, como a Casa do Povo. “Imagine, em 458 anos de Rio de Janeiro, ter um indígena dentro do espaço da Câmara, que recentemente criou uma lei de dia da memória Tupinambá, e fazer parte de um debate sobre esse território e sobre as culturas. É aqui que se faz a política pública, onde se dialoga e se indica onde é necessário ter o compartilhamento e a convergência de entendimentos e de saberes”.
No ano passado, os vereadores aprovaram a Lei nº 7.735/2022, de autoria do ex-vereador Tarcísio Motta, que inclui o Dia da Memória e Cultura Tupinambá no Calendário Oficial do Rio.
Representando a Rede de Museologia Social, Henrique Porto, apontou a necessidade de se pensar em museus para além das quatro paredes e da memória hegemônica. “É preciso preservar a memória de pessoas das periferias, pobres e pretas”, destacou. O militante também ressaltou que muitos brasileiros estão cansados de não se sentirem representados nos museus. “Não vamos esperar mais ninguém. Vamos construir os nossos museus”.
A Rede de Museologia Social é a responsável pela mostra “O Museu Somos Nós”, que estará no saguão da Câmara do Rio, das 10h às 17h, até o fim da semana. Dez dos 30 museus da rede participam da exposição, focada nas histórias de cidadãos que impactaram a formação da cidade, porém não integram os livros tradicionais.
Emilia Souza, moradora do Horto e cofundadora do Museu do Horto, também fez questão de ressaltar o papel da Rede de Museologia no fortalecimento da comunidade do Horto, que tem uma história de luta territorial. “É um instrumento que faz com que cada cidadão da comunidade se sinta forte e empoderado na defesa de seus direitos”.
Expoente do movimento do hip hop e produtor do evento “Resolve na Roda”, Gabriel Stal afirmou que sua missão é tornar o break visível. “Isso se deve a minha inquietude e indignação com a perda sistêmica e crônica dos talentos na cidade do Rio”. Stal disse que é preciso olhar com mais carinho e cuidado para os movimentos do break e do hip hop. “Precisamos de políticas públicas que nos apoiem e de editais específicos para os movimentos”.
Valeria Vieira, presidente da Associação de Artesãos da Zona Oeste do Rio, disse que é necessário incentivo à atividade da categoria. “Olhem com carinho para o trabalhador manual. Dependemos das autoridades para autorizarem as feiras, mas temos dificuldades por conta de preconceitos”, acredita. Já o poeta e ativista do Fórum do Forró, Jenesis Genuncio, pediu a criação do Instituto Cultural do Forró. “Enquanto sociedade, devemos lutar por um espaço, não apenas para a construção do instituto, mas pela promoção da cultura da cidade”.