No dia em que o Brasil atingiu o recorde de mortes por Covid-19, registrando mais de 2 mil óbitos em 24 horas, a Comissão de Higiene, Saúde e Bem-Estar Social da Câmara do Rio promoveu uma Audiência Pública com a finalidade de propor medidas de combate à doença no município. A agenda realizada nesta quarta-feira (10), em ambiente virtual, reuniu os membros da Comissão, vereadores Paulo Pinheiro (PSOL), presidente, Dr. Rogério Amorim (PSL), vice-presidente, e Dr. João Ricardo (PSC), membro, além de especialistas do setor.
O ex-ministro da Saúde, José Gomes Temporão falou sobre os números da Covid-19 no país e na cidade do Rio, da alta taxa de transmissão do vírus e variantes, e comentou sobre as medidas de restrição implementadas pela Prefeitura para conter o avanço da pandemia. "É fundamental monitorar os dados e manter o rigor nas restrições", completou Temporão acrescentando que a crise sanitária do país resulta de um longo processo de descaso e desmonte do sistema de saúde nacional. Também afirmou que o transporte público é um dos principais espaços de transmissão do vírus e criticou a realização das festas clandestinas e outras formas de aglomerações. "As pessoas estão morrendo por inobservância das regras de saúde pública, como o uso da máscara e o distanciamento", concluiu criticando o programa de imunização nacional e a oferta reduzida de vacinas para a população.
Pesquisador da Fiocruz, Hermano Castro falou sobre a volta às aulas. Para ele, o retorno das atividades escolares só será possível com a pandemia controlada. Também apoiou as medidas de restrição em vigor na cidade afirmando que são necessárias neste momento crítico. Castro afirmou ainda que os hábitos sociais devem passar por uma reformulação. "Temos que pensar em um novo modo de viver", disse.
Para Dr. Rogério Amorim, vice-presidente da Comissão, afirmou que não houve planejamento por parte da Prefeitura ao implementar as novas medidas de restrição. Lembrou que os comerciantes do segmento de bares e restaurantes foram pegos de surpresa e não tiveram tempo para se organizar. "São medidas que não resolvem o problema das aglomerações. Os bailes funk e as festas clandestinas continuam acontecendo", criticou o parlamentar.
Membro da Comissão, o parlamentar Dr. João Ricardo alertou para o rápido avanço da doença e para o novo perfil dos infectados, pacientes mais jovens e sem comorbidades. Destacou que a oferta de leitos na cidade aumentou na mesma proporção do número de mortes. E por fim, desabafou: "A vacinação me causou tristeza e vergonha, pois o Brasil tem um dos melhores programas de imunização, invejado por outros países".
Representante do Sindicato dos Enfermeiros do Estado (SindEnf), Monica Armada reivindicou prioridade na vacinação desses profissionais. Segundo ela, muitos técnicos e enfermeiros que atuam na linha de frente e em contato com pacientes com Covid-19 ainda não receberam a vacina em detrimento de outras categorias. "Priorizar a vacinação por setores da Saúde foi um erro", alertou Monica Armada.
Entre as propostas apresentadas no debate estão suporte econômico para a população de baixa renda e pequenos comerciantes, testagem de alunos e professores, priorizar a vacinação dos profissionais que atuam na Educação, oferta de cestas básicas para a comunidade escolar, além de maior rigor das medidas que visem à redução da circulação de pessoas.
Também participaram da audiência o vereador Prof. Célio Lupparelli (DEM), o representante do Sindicato dos Médicos (Sindmed-RJ), Alexandre Telles, a vice-presidente da Comissão de Saúde da OAB, Nadine Borges, o representante do Sepe, Armindo Lajas Santos, e do Conselho Administrativo do Previ-Rio, Jane Castello.