A Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria da Câmara do Rio promoveu um debate público na tarde desta sexta-feira (24) a fim de discutir o panorama da insegurança alimentar na cidade. O encontro, que aconteceu no auditório da Casa, reuniu vereadores, representantes do Poder Executivo, da sociedade civil e coletivos.
Presidente do colegiado, o vereador Dr. Marcos Paulo (PSOL) disse que conclusões são possíveis de tirar após uma série de conversas que a Frente teve com entes estaduais e municipais. O parlamentar citou, por exemplo, que a previsão inicial dada pela prefeitura era de que o restaurante Betinho, na Central do Brasil, seria reaberto em dezembro e até agora isso não aconteceu. Ele ainda falou sobre as recentes vistorias realizadas nos três restaurantes populares administrados atualmente pela prefeitura e acrescentou que todos estão em condições precárias.
“A gente tem duas constatações. Uma é que a fome aumentou no nosso município, no nosso estado e em todo o nosso país. Infelizmente, a nível de município, nós não temos um mapa da fome. Ou seja, não temos uma situação real por bairro, por comunidade, por local. Isso é muito sério e grave porque toda e qualquer política pública é pautada no censo. Primeiro a gente detecta o problema e depois a gente planeja como vai atuar”, criticou o vereador.
Na última quinta-feira (24), a Ação da Cidadania divulgou dados sobre a insegurança alimentar no estado fluminense e revelou que a fome no Rio de Janeiro aumentou em quase 400% nos últimos quatro anos. Os números fazem parte da pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). O relatório aponta que mais de 15% da população não têm o que comer hoje (2,7 milhões de pessoas), já em 2018 4,2% dos fluminenses passavam por insegurança alimentar grave.
Membro da Frente Parlamentar contra a Fome e a Miséria no Município do Rio de Janeiro, o vereador Chico Alencar (PSOL) refletiu sobre o levantamento. “O que a gente viu agora nesse segundo Inquérito Nacional sobre Segurança Alimentar, do ponto de vista da fome, que é endêmica no Brasil, não é uma epidemia da hora, é algo que avança e caminha com a nossa formação social de cinco séculos atrás. Mas nós retrocedemos aos patamares de 1992”, lamentou o parlamentar.
SMTE anuncia aumento de orçamento e SMAS anuncia distribuição de cartões Prato Feito Carioca e inauguração de 15 Cozinhas Comunitárias
Representante da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda, Edjane Santos falou sobre as ações e recursos destinados ao combate à fome na cidade. “Nesse último mês foram servidas mais de 95 mil refeições. Nós percebemos um aumento de 30% nas refeições de Bonsucesso, 21% nas servidas em Bangu e 24% nas servidas em Campo Grande. Com isso, nós aumentamos a estimativa de refeições servidas até o fim do ano. Na licitação já foi previsto isso. Nós tínhamos um orçamento inicial de quatro milhões e o prefeito acabou de autorizar um aumento de mais quatro milhões e quatrocentos mil. Nós vamos ter um orçamento de oito milhões e quatrocentos mil”, detalhou.
Coordenador do setor de Segurança Alimentar da Secretaria Municipal de Assistência Social, Edson Alexander disse que serão distribuídos 5 mil Cartões Refeição Prato Feito Carioca. Ele explicou que o critério para recebimento do cartão teve base nas informações do CadÚnico, que concentra os usuários de todos os programas sociais vigentes. “A gente faz um processamento através dos CRAS, que tem o instrumento principal: CadÚnico, o Cadastro Único. Nós elencamos uma faixa prioritária naquele momento para fazer o atendimento daquele usuário que se encontra em situação de pobreza e trabalhador informal.” Alexander ainda informou que quatro Cozinhas Comunitárias já foram inauguradas e que serão 15 até julho.
Ainda participaram do debate público o vereador Reimont (PT) e o secretário Municipal de Trabalho e Renda, Alexandre Arraes.