O Projeto de Lei Complementar nº 72/2022, de autoria do Poder Executivo, que institui Operação Urbana Consorciada (OUC) do Parque Municipal de Inhoaíba, em uma área de aproximadamente 1.700.000 m2 na Zona Oeste da cidade, foi aprovado em 1ª discussão nesta terça-feira (14), pela Câmara Municipal. A proposta prevê a construção de uma área de lazer, de equipamentos esportivos e educacionais, sendo, ao todo, 72 hectares de parque urbano e 240 mil m2 de parque natural. O projeto retorna à pauta para segunda discussão, quando deverá receber emendas parlamentares.
A proposta autoriza a transferência do potencial construtivo não utilizado da área objeto da OUC Parque Municipal de Inhoaíba para imóveis em outras regiões da cidade, com a contrapartida do proprietário do terreno de investir na construção do parque. De acordo com a Mensagem do Poder Executivo, a transferência do potencial construtivo será precedida de avaliação de impacto no sistema viário, no meio ambiente, na paisagem e no patrimônio cultural, “além de levar em consideração a equivalência entre as áreas doadoras e receptoras de potencial, a fim garantir o equilíbrio financeiro e urbanístico da operação”, diz o documento.
O secretário municipal de Coordenação Governamental, Jorge Arraes, participou de uma reunião com os vereadores antes da sessão plenária. Ele explicou que o valor estipulado para a área, avaliada em cerca de R$ 420 milhões, se deu com base no custo médio do metro quadrado construído previsto em três contratos já existentes na área objeto da operação, que pertence à Igreja Metodista e está sendo negociada com a empresa Dala Participações S/A. “Estabelecemos uma média ponderada do valor de permuta pelo valor total do terreno, que chegou ao coeficiente de R$ 4.650 por metro quadrado construído. Para viabilizar a operação, tivemos que oferecer algumas áreas receptoras do potencial de construção que fossem mais atraentes para o investimento privado”, acrescentou.
Tainá de Paula (PT) destacou que ninguém é contra a instalação de parques públicos, o que iria contra o interesse da população local, mas que, no entanto, há muitos pontos que precisam ser esclarecidos antes de se aprovar o projeto. “A proposta não traz limite para a criação da Reserva Privada de Patrimônio Natural (RPPN), coloca em risco de remoção a 4 mil famílias que moram em terreno ao lado de Rio das Pedras, não prevê a constituição de um Conselho Consultivo com participação da sociedade civil e estudo de impacto de vizinhança. Isso sem falar da não previsão de cobrança de outorga onerosa em áreas onde isso hoje é previsto. A Prefeitura está abrindo mão de arrecadar e está vendendo gato por lebre, já que há pouco potencial construtivo nos terrenos receptores”, apontou. A parlamentar cobrou um laudo um do setor de patrimônio da Prefeitura acompanhando o projeto.
Favorável à operação, Dr. Gilberto (PTC) alertou que a região é carente e deficitária em equipamentos de lazer, “não podendo a cidade perder essa oportunidade de levar conforto e qualidade de vida para a população”. Para o líder do governo, Átila A. Nunes (PSD), esse é um projeto com complexidade de diversas naturezas mas que vai ser uma revolução para a região. “Tivemos diversas reuniões com técnicos da Prefeitura para apresentar esclarecimentos. Hoje mesmo tivemos mais um encontro para buscar o entendimento. O nosso objetivo é dar mais entretenimento e área de lazer para a Zona Oeste. Podem ter certeza que vamos aprofundar a análise das emendas apresentadas e que, caso a superintendência de patrimônio não valide todos os números, o projeto não vai avançar”.
Pedro Duarte (Novo) se disse favorável à construção do parque, mas ressaltou que a Prefeitura está contrariando o seu próprio argumento de que se deve evitar o adensamento no Centro e na Zona Oeste da cidade. “O projeto prevê que no lado direito da Avenida das Américas, onde hoje o limite de construção é de dois andares, possa ir a seis. Ora, isso deveria ser discutido no Plano Diretor e na Lei de Uso e Ocupação do Solo”, cobrou. Duarte também criticou a fórmula estipulada pela prefeitura para transferir o potencial construtivo. “Da forma que está, quanto mais valorizada a região, mais potencial construtivo é transferido, e vice- e versa. Isso não faz o menor sentido”.
Os vereadores debateram a apresentação de emendas que garantam a instituição de um Conselho Consultivo, a retirada de área de Rio das Pedras para evitar a remoção de famílias, a exclusão de terreno na Barra da Tijuca que é alvo de disputa judicial por questões ambientais, a exigência de estudo de impacto de vizinhança nas áreas receptoras de potencial construtivo, a criação de Área de Especial Interesse Social de Inhoaíba, entre outras. A matéria voltará à pauta para 2ª votação.