A Mesa Diretora da Câmara do Rio realizou na tarde desta segunda-feira, dia 30, uma solenidade para entrega da Medalha Chiquinha Gonzaga às vereadoras do Parlamento carioca. A cerimônia aconteceu no Plenário da Casa e contou com a presença de familiares, amigos e funcionários que trabalham ao lado das parlamentares no dia a dia. Ainda foi exibido um vídeo especial que mostrou um pouco da história de cada uma das nove parlamentares.

Arquiteta e urbanista, a vereadora Monica Benicio teve a sua trajetória mudada por uma tragédia: o assassinato da sua esposa, a também parlamentar Marielle Franco, em março de 2018. Benicio fez questão de discursar sobre representatividade na tribuna que leva o nome da ex-companheira. “Estamos em 2022 e somos apenas nove neste parlamento. De 51 vereadores e vereadoras, infelizmente ainda somos uma minoria. Embora sejamos maioria na sociedade. Que a gente possa ter um plenário com mais mulheres, com mais mulheres negras, mulheres sapatão, ocupando e representando a diversidade que é a cara do povo brasileiro”, enfatizou a vereadora. 

Confira todas as fotos da homenagem

Vice-presidente da Câmara do Rio, a vereadora Tânia Bastos (Republicanos) é natural de Sergipe e chegou com apenas seis anos ao município. Ela já foi conselheira tutelar e ocupou variados cargos no Poder Executivo antes de chegar ao parlamento. “A única coisa que nós queremos é ocupar os nossos espaços porque as pautas femininas precisam ser discutidas por nós mulheres e não pelos homens. Somos nós quem sabemos as nossas necessidades”, destacou Bastos. 

Vereadora há quatro mandatos e tendo como suas principais bandeiras a luta pelos taxistas e pelos direitos dos animais, Vera Lins (PP) contou estar muito feliz com a homenagem, que é inédita na Casa. “Estou muito feliz por receber essa homenagem e por saber que todos os vereadores concordaram em concedê-la não só a mim, mas a todas as vereadoras: Tainá, Monica, Veronica, Rosa, Thais. Todas nós estamos de parabéns.”

Debate qualificado

A falta de representatividade e o preconceito da sociedade foram dois temas que permearam as falas de todas as homenageadas. Eleita pela primeira vez em 2001, a vereadora Veronica Costa (PL) fez questão de falar da importância do papel das mulheres, dos jovens e dos favelados na construção de leis. “Precisamos de mais mulheres aqui. Enquanto favelada que eu sou, enquanto uma mulher que tem voz através da música, do funk, poder mudar a juventude, poder mudar o destino desses jovens que ainda estão desgovernados dentro das favelas. Você vê as jovens engravidando, falta ali muita coisa ainda. Temos que colocar mais favelados, mais médicas, mais pretas aqui, mais mulheres.” 

Já a vereadora Tainá de Paula (PT), arquiteta e urbanista no seu primeiro mandato, ressaltou que a presença das mulheres na política nunca foi tão fundamental em razão da conjuntura atual. “As mulheres parlamentares, todas elas, independente do espectro político que elas estejam, fazem política com muita responsabilidade. Eu diria que talvez, seja o momento que mais esteja claro que as mulheres precisam estar no centro da nova política do Brasil”, completou Tainá. 

A vereadora Thais Ferreira (PSOL) está em seu primeiro mandato e conceitua a própria atuação parlamentar como “Mãedata”. Ela sublinhou que a mulher deve estar em constante luta para mudar a realidade dos dias de hoje. “As mulheres são as principais protagonistas e nos espaços onde não estejamos em maioria em proporcionalidade, precisaremos continuar na luta para que isso seja uma verdade frequente não só nesse parlamento, mas em toda a política brasileira”, convocou. 

A vereadora Laura Carneiro (PSD) já tinha sido homenageada com a Medalha Chiquinha Gonzaga anteriormente, mas compareceu na solenidade de hoje para parabenizar as colegas. “Essa é uma medalha de reconhecimento. Quem dera a gente pudesse todos os dias reconhecer mais e mais mulheres que trabalham todos os dias pela cidade do Rio de Janeiro.”

Em seu oitavo mandato consecutivo como parlamentar e uma voz do bairro de Irajá na Câmara do Rio, a vereadora Rosa Fernandes (PSC) refletiu sobre o preconceito que ainda persiste. “Ser mulher e ser política? Ainda tem preconceito! E alguns homens nos parlamentos entendem que nós somos muito frágeis e que, por isso, podem dar cotoveladas e petelecos. Mas eles se enganam porque eles encontram, sem nem perceber, mulheres atrevidas, barraqueiras e que nem dão confiança porque são tão pequenos que nem vale a pena. Mas ainda tem muito preconceito nas ruas, quando a  gente caminha no dia a dia, que a gente percebe de forma velada esse preconceito.”

Uma homenagem motivo de orgulho

Presidente da Câmara do Rio, o vereador Carlo Caiado relatou estar honrado de entregar de conceder para as vereadoras da Casa uma Medalha que leva o nome de uma mulher que foi pioneira e marcou a história das mulheres no país. “Hoje nós estamos tendo a oportunidade de homenagear as vereadoras da Casa, que representam muito essa Medalha porque são mulheres guerreiras, cada uma com sua defesa ideológica, sua participação comunitária, são representantes da população”, celebrou Caiado.

O Primeiro-Secretário da Mesa Diretora, vereador Rafael Aloisio Freitas (Cidadania), lembrou dos desafios que as parlamentares ainda enfrentam no dia a dia e elogiou a atuação delas no cotidiano. “Entregar a Medalha para vocês é uma missão que faço com muita honra e orgulho. A gente hoje vive em uma sociedade machista e vocês sabem muito bem que o ambiente político costuma ser ainda mais machista do que a sociedade como um todo. Então, vocês são guerreiras, lutadoras, vencedoras por conseguirem chegar até aqui e serem representantes de parte da sociedade carioca.”

A vereadora Teresa Bergher (Cidadania) também foi homenageada, mas não pôde comparecer à cerimônia. Ainda participaram da solenidade os vereadores Luciano Medeiros (PSD), Chico Alencar (PSOL) e Eliel do Carmo (Democracia Cristã).