Segunda, 06 Dezembro 2021

Câmara do Rio discute a acessibilidade na cidade para as crianças cariocas

O debate contou com tradução simultânea de intérpretes de Libras no Plenário e todos os participantes fizeram a sua autodescrição antes de iniciar as suas falas

Fotos: Flávio Marroso e Leonardo Nogueira/ CMRJ
Câmara do Rio discute a acessibilidade na cidade para as crianças cariocas

O Plenário da Câmara do Rio sediou um debate público com o tema “Acessibilidade para as Infâncias Cariocas” na tarde desta segunda-feira (6). A vereadora Thais Ferreira convidou entidades e organizações ligadas à questão para discutir o panorama da acessibilidade no município hoje. Estiveram presentes representantes da Unicef, do Centro de Criação de Imagem Popular, do Observatório dos Trens, entre outros. 

A vereadora Thais Ferreira (PSOL) conduziu o debate híbrido e enfatizou que a ausência de acessibilidade deve ser um assunto também tratado por meio de recorte racial. “Os dados do último Censo comprovam que a falta de infraestrutura afeta mais as crianças pretas e pobres e os adolescentes pretos, pobres e periféricos. A gente tem que estar reunido de fato, mais do que na intenção, na responsabilidade de fazer com que essas políticas sejam implementadas e efetivadas para a mudar a realidade de todas as crianças”, completou a parlamentar que preside a Comissão de Direitos da Criança e do Adolescente. 

Consultora do Cecip (Centro de Criação de Imagem Popular), Rafaela Pacola atua no Rio de Janeiro em uma iniciativa global chamada Urban 95. O projeto, capitaneado pela Fundação Bernard van Leer, tem como objetivo  incluir a perspectiva de bebês, crianças pequenas e seus cuidadores no planejamento urbano. Norteados pela pergunta “O que você mudaria em sua cidade se a experimentasse a partir de uma perspectiva de 95 cm?”, a Urban 95 convida líderes, gestores públicos e urbanistas a pensarem a cidade como se tivessem a altura média de uma criança de 3 anos. 

“Os desafios começam na primeira infância, no momento em que a gente está formando a criança como cidadã. A experiência que a criança tem na cidade vai norteá-la para o resto da vida. Então é muito importante que a criança faça parte, seja ouvida, tenha escuta na formulação das políticas públicas”, explicou Pacola. 

A coordenadora do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Luciana Phebo, concorda que a escuta é um processo essencial para a construção de políticas públicas eficientes e falou sobre um novo projeto da instituição que vai nessa direção. “Vamos iniciar agora em 2022 a iniciativa Geração que Move, o GeraMov. Através dele estaremos em contato com redes de juventude. Nós precisamos estar mais perto deles e convidar os jovens com deficiência para participar do nosso GeraMov.” Phebo ainda elogiou a criação do Conselho Municipal de Juventude, aprovado pela Câmara do Rio no último dia 2 de dezembro. 

Mobilidade urbana x acessibilidade

Assistente social e integrante do Observatório dos Trens, Rafaela Albagaria criticou a situação atual deste modal hoje e onde ocorreu uma tragédia que marcou a sua vida. A sua prima Joana Bonifácio morreu ao tentar ingressar em uma composição da estação Coelho da Rocha, no ramal Belford Roxo. A jovem apontou alguns dos problemas atuais dos trens em relação à acessibilidade. 

“O Observatório fez um levantamento de quanto custaria para fazer a readequação das 98 estações que não têm nenhuma estrutura de acessibilidade e que convive com vãos entre o trem e a plataforma de mais de 50 centímetros, com desníveis de mais de 25 centímetros. Está colocada uma política de interdição. Existe uma estrutura sobre o qual se edifica o planejamento urbano pensado para a interdição de corpos que têm uma dificuldade de locomoção, corpos que estão marcados racialmente, territorializados”, refletiu Albagaria. 

Cofundadora do Solar das Águas e dos Meninos, um coletivo de artistas e mães solo, Ingra da Rosa disse que a cidade não é amigável para os pequenos. “A gente tem uma setorização muito grande. Como se as crianças fossem bem-vindas aqui e não ali. Como se a gente precisasse estar o tempo todo em uma disputa e isso nos vulnerabiliza muito. É muito precarizada a questão das infâncias. Os espaços são muito sufocados, a gente tem que atravessar uma cidade inteira não feita para crianças até chegar em um lugar em que elas são bem-vindas e podem exercer a sua energia vital.”



 

 

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