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Sexta, 19 Novembro 2021

Comissão de Direitos Humanos discute políticas públicas para população em situação de rua

Reunião contou com participação de representantes do poder público, movimentos sociais e associações de moradores

Leonardo Nogueira
Reunião aconteceu no Plenário do Palácio Pedro Ernesto Reunião aconteceu no Plenário do Palácio Pedro Ernesto

Uma das principais consequências da crise econômica causada pela pandemia foi o aumento do número de pessoas em situação de rua na cidade do Rio de Janeiro. Por isso, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal do Rio promoveu uma audiência pública na tarde desta sexta (19) para discutir que ações o poder público está empreendendo para atender essas pessoas em situação de vulnerabilidade. A reunião híbrida, que aconteceu no Plenário, contou com a presença de parlamentares, representantes do Poder Executivo, de associações de moradores e de entidades que lutam em prol da população em situação de rua.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos, a vereadora Teresa Bergher abriu a reunião com um questionamento à metodologia usada no Censo de População em Situação de Rua feito em 2020. Para ela, basta andar pela cidade que é possível perceber que este número de 7 mil pessoas apontado no estudo está subestimado. “A realidade que nós vemos nas ruas do Rio de Janeiro hoje ultrapassa bastante esses números.” 

Vice-presidente do colegiado, o vereador Alexandre Isquierdo (DEM) concordou com a percepção de Teresa Bergher e cobrou informações do poder público sobre o tema. “A gente precisa ter os dados da Prefeitura e conhecer os projetos que a nova gestão tem. Foi registrado um grande aumento da população de rua, isso é notório. Basta você andar pela cidade. Há uns anos atrás era muito local, era mais no Centro, Copacabana, e hoje em qualquer bairro da cidade você encontra pessoas morando debaixo de marquises. Então, há um alerta. Nós precisamos ajudar essas pessoas”, declarou o parlamentar.  

Os participantes da audiência pública enumeraram variados temas fundamentais para diminuir o número de pessoas em situação de rua na cidade, como desemprego, dependência química, falta de moradia adequada e insegurança alimentar. A secretária municipal de Assistência Social, Laura Carneiro, falou sobre o que está sendo feito para enfrentar esses desafios atualmente. “Existe uma política pública nacional, essa é uma legislação que nós temos que cumprir do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional de Assistência Social. E o que nós temos feito? Aumentamos as equipes, estamos reformulando o sistema que nos permitem, o da criança e do adolescente”, citou Carneiro. 

A expectativa é de mais investimentos na Secretaria de Assistência Social. De acordo com o Poder Executivo, para 2022, o orçamento da pasta deverá ser de R$ 591 milhões, uma ampliação de cerca de 26% em relação aos valores de 2021, contabilizados em R$ 434 milhões. Os dados foram trazidos em um das audiências públicas realizadas na Câmara do Rio para tratar da Lei Orçamentária Anual para o exercício financeiro de 2022 (Projeto de Lei nº 744/2021) e do Plano Plurianual para o quadriênio 2022-2025 (Projeto de Lei nº 628/2021). A estimativa é que sejam criadas, até 2024, mais 3 mil novas vagas de abrigamento. Somente em 2022 serão 600 vagas.

No entanto, a representante da Coordenação do Movimento Nacional de População em Situação de Rua, Elicarla Maria Álvares, discorda que a criação de vagas em abrigos seja uma boa solução. Ela viveu em situação de rua durante sete anos e sugere um projeto específico que já funciona em outras cidades do Brasil e do mundo. “A moradia assistida funciona assim: você vai pegar um prédio de cinco andares, que serão reformados. Lá, terão assistentes sociais, consultório, você vai ter empregabilidade e a moradia necessária por cinco anos. Nesse período, a pessoa faz um tratamento, vai ter toda a sua documentação e sai dali empregado. Durante cinco anos a pessoa vive ali. Esse projeto existe em São Paulo, Cuiabá, no Rio Grande do Sul e até em Londres, onde essa iniciativa começou. É melhor do que abrigo”, ressaltou.

Para Luiz Carlos Santos, integrante da Associação de Moradores do Humaitá, a solução pode estar nos vários imóveis vazios no município. “Acho que a Câmara precisa votar um orçamento adequado às necessidades de toda população em situação de rua. Nós estamos aqui realmente para resolver e dar sugestões. Nós temos mais de 30 mil imóveis no Rio de Janeiro que poderiam ser utilizados como hotel de habitação para justamente acolher essas pessoas que são humanas e merecem respeito. Tem que dar toda a assistência necessária.” 

Eliane Pereira foi uma das participantes da audiência pública. Ela é coordenadora de Direitos Humanos e de Minorias do Ministério Público, uma estrutura nova dentro do órgão. Pereira refletiu sobre a complexidade de se tratar a questão da população em situação de rua e o papel do próprio Ministério Público.“A questão da população em situação de rua é muito ilustrativa porque a gente percebe aspectos relacionados ao trabalho e renda, à saúde mental, à precariedade de uma boa política de acesso à documentação básica,  gente encontra na população de rua um percentual expressivo de pessoas que são consideradas desaparecidas. Enfim, essa população em situação de rua é quase que um demonstrativo de todos os indicadores que a gente precisa cuidar em termos de política pública. Mas é muito bom que a gente diga aqui que o Ministério Público não elabora e nem executa política pública, mas ele fomenta a política pública.”

A vereadora Teresa Bergher adiantou quais serão as próximas ações tomadas pela Comissão. “Os próximos passos serão aprofundar ainda mais o debate e a sugestão de propostas aos colegas vereadores para que se coloque mais verba no orçamento a fim de atender a Assistência Social. Além disso, vamos pressionar o prefeito para reabrir os seis restaurantes populares porque isso já vai dar um certo alívio para combater a miséria e a fome de muitas pessoas”, apontou a presidente. 

Ainda participaram da audiência pública os vereadores Gabriel Monteiro (PSD), vogal da Comissão de Direitos Humanos; Reimont (PT); Dr. Rogério Amorim (PSL) e Paulo Pinheiro (PSOL). Também estavam presentes a coordenadora geral de Promoção de Dignidade da Pessoa Humana do Ministério Público, Patrícia Carvão; a subsecretária de Proteção Social Especial da SMAS, Sheila Oliveira; Valéria Dantas, representante da Secretaria Municipal de Saúde; membros de associações de moradores de bairros da Zona Sul e Zona Norte; entre outros.




 

 

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