A Comissão de Transportes e Trânsito da Câmara do Rio se reuniu na tarde desta quinta (28) com o Poder Executivo para debater a licitação da frota do BRT. A secretária municipal de Transportes, Maína Celidônio, apresentou como será este novo modelo comercial que separa a provisão de frota e a concessão da operação. A previsão é de que o edital de licitação que trata da locação dos veículos seja publicado no final de novembro e o que diz respeito à operação na segunda quinzena de janeiro. 

A secretária de Transportes fez uma apresentação para os vereadores em que relembrou o histórico do modal e os seus problemas, que foram agravados durante a pandemia com a queda de passageiros. Maína destacou as últimas medidas tomadas para realizar reformas estruturais no sistema BRT, como a própria intervenção da prefeitura, e citou a alteração na lei de bilhetagem que foi aprovada na Câmara em março. Agora, o Poder Executivo dará mais um passo com a implementação de um modelo comercial que separa provedores e operadores. Ainda inédito no Brasil, o modelo já existe em cidades como Santiago, Bogotá e Londres.

“O nosso objetivo com esse novo modelo de gestão é garantir um serviço de maior qualidade, ou seja, ônibus mais novos, uma frota com uma boa manutenção e uma confiabilidade de que o serviço vai estar sempre rodando. Para isso, estamos abrindo mais competitividade nesta licitação, provendo garagens públicas que permitem a qualquer operador de fora da cidade ou até do exterior que entre nesta licitação. A gente está pretendendo separar a locação da frota e a operação. O setor público vai alugar essa frota e disponibilizá-la para o operador. A gente vai tirar dinheiro do Tesouro para garantir essa frota”, explicou Celidônio. 

Enquanto o operador de frota ficará responsável por fazer a manutenção dos veículos e instalar a infraestrutura das garagens, o locador de frota vai alugar os veículos e inspecionar a manutenção feita pelo operador, por exemplo. Todos os ônibus ficarão em garagens públicas, que se situam em terrenos disponibilizados pela prefeitura. Ao todo, serão quatro garagens localizadas no Cesarão, Magarça, Deodoro e Fundão. 

Presidente do colegiado, o vereador Alexandre Isquierdo (DEM) elogiou o planejamento apresentado. “A gente acredita que até 2023 o sistema BRT vai estar bem avançado com a melhoria e reforma das estações, da pavimentação e, principalmente, os ônibus. Inclusive vamos ter 20% da frota de ônibus elétricos. Então, é uma expectativa nossa. Estamos muito esperançosos e a Comissão de Transportes vai acompanhar todo esse processo e fiscalizando também.”

Antes da publicação, os editais de licitação para operador e locador de frota serão discutidos em audiência pública na Câmara do Rio.

Modelo de remuneração híbrido

O novo modelo contempla mudanças na remuneração dos operadores do sistema. Ele será híbrido e vai considerar a demanda e serviço para gerar incentivos de qualidade. A secretária destacou que o modelo atual é muito problemático. “O modelo de remuneração agora não é só pelo passageiro pagante. Isso porque com a pandemia e novas tecnologias, por exemplo, a demanda cai. Aí o operador fica sem dinheiro para fazer uma boa operação. Agora, o município vai entrar mais uma vez pagando pelo custo do quilômetro rodado, também dando incentivo, dividindo esse ganho da demanda. Com isso, a gente quer que ele tenha vontade de melhorar o serviço e pegar mais passageiros. Mas ele vai ter garantias que o custo da operação dele vai estar sempre sendo pago pelo setor público”, explicou. 

Nova frota terá ônibus elétricos

A prefeitura irá alugar quatro diferentes modelos de veículos para circular pelos quatro corredores do sistema BRT (Transcarioca, Transoeste, Transolímpica e Transbrasil). Além dos articulados e biarticulados movidos a diesel, também serão alugados veículos elétricos. Eles são parecidos com os ônibus convencionais e vão circular somente no corredor Transoeste, inicialmente no trecho da Avenida Cesário de Melo. 

Todos os novos veículos terão variados equipamentos e sistemas embarcados para oferecer mais segurança aos passageiros. Os ônibus terão telemetria e georreferenciamento, videomonitoramento, entre outros dispositivos tecnológicos. 

O Poder Executivo estima que o custo total de locação dos veículos em 10 anos seja de quase R$1 bilhão. 

Passageiros devem sentir melhorias no ano que vem

A secretária disse que os resultados poderão ser percebidos pelos usuários do sistema BRT em 2023. “A gente pretende estar com esse novo modelo rodando na Transcarioca e na Transolímpica a partir do meio do segundo semestre do ano que vem. Aí já teremos um salto de qualidade. Só pela renovação da frota a gente já vai ver uma grande melhora do sistema.”

Participaram da reunião o vogal da Comissão de Transportes e Trânsito, o vereador Luiz Ramos Filho (PMN), além dos parlamentares Rafael Aloisio Freitas (Cidadania), Zico (Republicanos) e Teresa Bergher (Cidadania).