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Segunda, 30 Agosto 2021

Saúde mental na pandemia: vereadores e especialistas discutem políticas para lidar com crescimento de transtornos psicológicos

Os casos de depressão, ansiedade e experiência pós-traumática aumentaram consideravelmente como consequência dos impactos sociais e financeiros ocasionados pela Covid-19.

Eduardo Barreto
Os casos de depressão, ansiedade e experiência pós-traumática aumentaram consideravelmente como consequência dos impactos sociais e financeiros ocasionados pela Covid-19. Os casos de depressão, ansiedade e experiência pós-traumática aumentaram consideravelmente como consequência dos impactos sociais e financeiros ocasionados pela Covid-19.

O longo período de isolamento social, a perda de entes queridos, os medos e incertezas trazidos pela pandemia estão impactando diretamente a saúde mental da população. Com intuito de trazer o tema à discussão, a Comissão de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social da Câmara do Rio realizou, nesta segunda-feira (30), uma audiência pública em ambiente híbrido no Salão Nobre do Palácio Pedro Ernesto.

Ao longo da pandemia, diferentes estudos apontaram que entre um terço e metade da população mundial pode vir a sofrer alguma manifestação psicopatológica por conta da pandemia que já dura mais de um ano e meio. Um estudo compilado pelo Núcleo de Saúde Mental e Atenção Psicossocial em Desastres e Pandemias da Fiocruz, com informações de cerca de 1600 brasileiros, mostrou que mais de 40% apresentou depressão moderada ou severa, 15% teve sintomas de ansiedade e cerca de 34%, transtorno de estresse pós-traumático, com necessidades de intervenção profissional.

Vice-presidente da comissão, o vereador Dr. Rogerio Amorim (PSL) destaca que a pandemia potencializou problemas como depressão, ansiedade e Síndrome do Pânico, que já vinham aumentando de forma alarmante no país e no mundo.

“Diversos setores foram muito impactados com a Covid, comércios fechados, desemprego, vidas perdidas, isolamento social, medo. Tudo isso acabou gerando impactos profundos na sociedade e nas relações humanas, agravando um problema que já era considerado o mal do século”, avalia o parlamentar, que é idealizador do Projeto de Lei no 502/2021, recentemente aprovado pela Câmara do Rio, criando o Programa Ambulatorial de Saúde Mental pós-Covid no âmbito do Sistema Único de Saúde do Município. O objetivo da proposta é garantir o acesso à assistência em saúde mental, além do acolhimento, acompanhamento e tratamento psicológico e psiquiátrico específico às pessoas com transtornos decorrentes da pandemia de Covid-19.

Especialistas destacaram a necessidade de mais investimentos no orçamento destinado à saúde mental e ao Sistema Único de Saúde municipal. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam que os governos gastam menos de 2% de seus orçamentos de da área para saúde mental, sendo a maioria desses gastos destinada a hospitais psiquiátricos. Nos países de alta renda, a cifra gira em torno de 43%.

Na cidade do Rio, o tempo de espera por atendimento psiquiátrico na rede municipal de saúde pode chegar a mais de cinco meses. Atualmente, há cerca de 5 mil pacientes na fila do Sistema de Regulação (SisReg) esperando atendimento profissional. Para o superintendente de Saúde Mental do Município, Hugo Marques, é preciso reformular a estrutura física e expandir a capacidade de atendimento dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs), bem como a capacitação de equipes que possam trabalhar de forma articulada nas diversas unidades de saúde, a fim de diminuir a fila de espera. “Os estudos apontam que 25% das pessoas que procuram a atenção primária estão passando por um sofrimento psíquico e vão precisar de um suporte de atendimento nessas áreas. Mas nem sempre é possível ser alcançado ali naquele local, por isso é fundamental garantir a continuidade de cuidados com essas pessoas”, reforça o gestor público.

Saúde mental de crianças e adolescentes

A presidente do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria do Estado do Rio de Janeiro (SOPERJ), Gabriela Crenzel, afirmou que situações de ansiedade, depressão, síndrome de estresse pós-traumático nessa faixa etária mais que dobraram desde o início do isolamento social. Ela defendeu a criação de espaços de acolhimento e escuta especializados em crianças e adolescentes. 

“Crianças com medo de tocar uns nos outros, isso não é natural. Muitas foram e ainda estão privadas do espaço de convívio e, mesmo aquelas que voltaram, fizeram de forma limitada. É preciso utilizar as ferramentas que dispomos, além de criar novas, para receber essas crianças e adolescentes, escolas abertas, na medida do possível, quando houver condições, não apenas para questões pedagógicas, mas para acolhimento, dentro das medidas necessárias para mitigação dos riscos que essa falta de convivência podem causar”. 

Para o superintendente de Saúde Mental do município, é preciso pensar alternativas que vão além do atendimento médico. “O isolamento das crianças produz um sofrimento que não vai ter resposta adequada se entendermos que o único caminho é colocar no SisReg para ser atendido por especialista, ser medicado, e efetivamente responder a ideia de que na farmacologia vamos reinventar a experiência da infância que está tão desconstruída num processo que nossa vida moderna precisa ser pensada”, acredita Hugo Marques, afirmando que muitas vezes as crianças e adolescentes já vivem experiências de solidão no meio da multidão, pelo uso excessivo de telas, como computadores e celulares. 

Participaram ainda o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) e Felipe Michel (PP), respectivamente presidente e vogal da Comissão de Saúde, além da vereadora Teresa Bergher (Cidadania) e do deputado estadual Rodrigo Amorim.

 

 

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Última modificação em Segunda, 30 Agosto 2021 16:45
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