Falta de saneamento, transporte, problemas de iluminação, contenção de encostas, educação, oferta de empregos e principalmente segurança. Esse foi o cenário relatado por lideranças de favelas da cidade no primeiro debate público da Frente Parlamentar em Defesa do Desenvolvimento das Comunidades da Câmara do Rio, que reuniu vereadores, lideranças e a secretária municipal de Ação Comunitária, Marli Peçanha. O encontro foi realizado de forma híbrida nesta sexta-feira (18).
Presidente do Conselho das Associações de Moradores do Complexo do Lins, onde a jovem Kethlen Romeu foi morta durante ação policial na última semana, Wilson Feijão fez um apelo aos vereadores. “O complexo que está abandonado ao longo dos anos, esquecido, e precisa da atenção do poder público. Mas um poder público que de fato que possa ir, ver e dar um retorno. Sei que os vereadores têm as suas atribuições, mas que podem também olhar com carinho e conversar com o chefe do Executivo para que o Lins seja lembrado não só pelos problemas que saem no dia a dia na mídia”, relatou.
Presidente da Frente Parlamentar e criado na comunidade do Chapadão, em Costa Barros, o vereador Luciano Vieria (Avante) destacou que o objetivo do grupo é lutar por ações concretas. “A frente parlamentar irá às comunidades para ouvir os moradores. Cada debate público gerará um relatório que será encaminhado para os órgãos públicos, essa frente parlamentar acompanhará as providências que serão tomadas”, destacou
Também integrante da Frente, o vereador Luciano Medeiros (PL) relatou que é um conhecedor da realidade das comunidades cariocas e lembrou da violência no cotidiano. “A gente vive na pele o descaso do poder público no dia a dia. Hoje mesmo teve uma operação no Complexo do Alemão e da Penha. Quantas vidas já se foram com balas perdidas? Não tenho dúvidas que vamos avançar muito com essa frente”, contou o vereador, que nasceu e cresceu no Complexo do Alemão.
Morador da Ilha do Governador, Melquíades Martins reclamou do abandono do seu bairro e falou sobre problemas de esgoto. “As comunidades da Ilha estão largadas há 13 anos. Saneamento é saúde, sem esgotamento sanitário, sem manutenção não tem saúde”, protestou.
Favela com Dignidade
A secretária de Ação Comunitária, Marli Peçanha, ouviu todas as demandas dos vereadores e dos moradores das comunidades durante a reunião. Para a secretária, as soluções de vários dos problemas citados passam pela realização do programa que é o foco da pasta atualmente: o Favela com Dignidade. A primeira comunidade que receberá o programa será Manguinhos.
“Faremos com que todas as secretarias estejam dentro da própria comunidade levantando todas as demandas e equacionando todos os serviços de suas pastas. Isso é muito importante”, relatou. “Temos o projeto Casa Carioca em que faremos melhorias com a finalidade de reduzir a vulnerabilidade das famílias moradoras das favelas e comunidades. Na verdade, vamos tentar minimizar condições precárias de habitabilidade. Vamos entrar também com o Turistando com a Comunidade, que vai proporcionar ao morador de favela conhecer a cidade onde mora. Temos ainda o mais importante para todos que é o Recicla porque a gente entende que lixo é dinheiro. É um projeto espetacular que gera empregos”, elogiou Peçanha. Todos os projetos citados são integrantes do programa Favela com Dignidade.
Ao fim da reunião, o vereador Luciano Vieira fez questão de enfatizar que os debates não podem ficar restritos aos gabinetes. Para o presidente da frente, é fundamental ir para as ruas. Segundo ele, a Frente fará reuniões quinzenais e acompanhará ações do Poder Público. “Porque se a gente ficar eu no meu gabinete, a senhora no seu gabinete, não conseguimos entender de fato o que a gente precisa, escutar o morador, apertar sua mão”, concluiu.
