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Quinta, 09 Mai 2024

Rio do futuro: mesas de encerramento debateram inclusão e acessibilidade

Desafios para ampliar o lazer e combater o racismo também discutidos nos últimos painéis do evento

Eduardo Barreto
Rio do futuro: mesas de encerramento debateram inclusão e acessibilidade

Os painéis realizados nesta quinta-feira (9), terceiro e último dia do seminário “Rio do Futuro” foram voltados para debater a integração dos moradores da cidade, principalmente das favelas, onde estão 22% da população carioca, e também sobre acessibilidade e lazer. O evento é uma iniciativa da Editora Globo e da Rádio CBN, com apoio da Câmara do Rio, e promove discussões sobre o novo Plano Diretor da cidade.

A primeira mesa, intitulada “Cidade da inclusão: um novo paradigma para superar a ‘cidade partida’” reuniu a presidente da Comissão Especial de Combate ao Racismo, vereadora Monica Cunha (PSOL); a vereadora integrante da Comissão Especial do Plano Diretor, Tainá de Paula (PT); a diretora de Relacionamento Institucional da Fundação Darcy Vargas, Camila Crispim; o fundador do jornal Voz das Comunidades, Renê Silva; e o presidente nacional da Central Única das Favelas (Cufa).

Do 'Centro expandido' às favelas

A vocação do Plano Diretor na proteção e autonomia das populações mais pobres e faveladas  foi apontada nas falas das vereadoras e também de Camila Crispim. A vereadora Tainá de Paula valorizou a questão do Centro expandido e sua capacidade de inclusão.

“A cidade tem que existir para todo mundo. É interessante ter vários grupos sociais morando nesse Centro porque é barato, zera seu custo de transporte, amplia sua cartela de serviços, se estuda melhor, há acesso a lazer e cultura. Algo positivo trazido pelo Plano Diretor é o Centro expandido, não só o Centro financeiro. (O plano) pensa o Centro dos mais pobres, da rua Mem de Sá, que pode ir até Benfica, que pega o VLT até São Cristóvão, inserir novas centralidades foi um golaço que insere nisso justiça social para os mais pobres que tiveram a região negada historicamente”, disse a vereadora Tainá.

As contradições da Região Portuária da cidade deram o tom da fala de Camila Crispim, que não se furta a ver a potência do espaço.

“Há uma potência turística e dentro da Pequena África, há um circuito de herança africana que transcende os cariocas. É preciso olhar para essa história, que é de sucessivos apagamentos. Na região, 65% das pessoas não negras, quase 70% dos lares são chefiados por mulheres e também 70% desses lares passaram por alguma vulnerabilidade alimentar. Ao mesmo tempo que temos um espaço de potência, também temos um espaço para cuidar. A cultura carioca deve àquelas comunidades, o samba começa ali”, considerou. 

A participação da vereadora Monica Cunha seguiu na mesma direção de entender a necessidade de inclusão. Para ela, o Rio de Janeiro precisa ser uma cidade de direitos.

“A favela faz parte da cidade, as pessoas que estão nela fazem parte da cidade. Somos 1,7 milhão de pessoas nas favelas. A preocupação é dar protagonismo para o povo preto que mora nesses espaços. E a maioria das pessoas que sustentam as suas casas são do gênero feminino, são mulheres e mães. Se não entendermos isso, não estamos falando da cidade, onde 14% da população é negra”, afirmou a vereadora Monica Cunha.

As inteligências da favela

O novo Plano Diretor tem um capítulo inteiro voltado para as favelas. Preto Zezé e Renê Silva abordaram o protagonismo conferido a essas populações e, a partir das inteligências presentes nesses espaços, encontraram soluções para problemas da cidade. Preto Zezé, por sua vez, chamou atenção para a diversidade presente nessas comunidades e de ações da Cufa que propõe mostrar os pontos de vista das populações faveladas. 

“A gente precisa pensar numa agenda pública que pertença à sociedade, isso reforça a necessidade de criar políticas públicas que vão além de partidos, é  importante a sociedade ter espaço para dialogar.  A gente que é de favela sabe que há uma diversidade enorme, há quem ache que a questão da segurança pública é prioridade, outros que é a pauta social. É a diversidade que mantém essa potência, essa capacidade de produzir soluções”, explica Zezé. 

Renê falou da importância em se ouvir os moradores das comunidades e como se desenvolve soluções para problemas no interior das favelas.

“Por muitos anos as favelas receberam obras e sequer foram perguntados se era isso que a favela gostaria. Construção de teleféricos e mobilidade, mas sem ter processo de audiência pública. E os processo de ouvir as favelas são de extrema importância, não só as lideranças das favelas, mas também os moradores comuns. Falamos assim de uma política pública que não chega pelo alto, precisamos cada vez mais incluir o cidadão comum”, afirmou Renê.

Acessibilidade

O RIO DO FUTURO - Cidade da inclusão: Um novo paradigma para superar a 'cidade partida’ - 09/05/2024

O segundo painel do dia teve como tema o “Rio para todos: como tornar a cidade mais acolhedora, com acessibilidade e lazer”, e discutiu o preparo da cidade para acolher pessoas com deficiência e idosos. O presidente da Câmara do Rio, Carlo Caiado (PSD), abriu as discussões e reforçou o papel do poder público e do Plano Diretor para que essa situação caminhe para uma resolução: “O Plano Diretor busca seguir todos os padrões necessários de acessibilidade. A gente teve esse cuidado e é um trabalho permanente da política”.

A vereadora Luciana Novaes (PT), que preside a Comissão Permanente de Direitos da Pessoa com Deficiência, trouxe relatos da própria vida pessoal, uma vez que se tornou uma pessoa com deficiência após um caso de violência urbana, e explicou como isso se relaciona hoje com a sua atuação política: “Fiz uma fiscalização em uma empresa de ônibus e fiquei presa por muito tempo dentro do veículo, pois a rampa não funcionava”. Apesar da situação traumática, vivida por muitas PcDs todos os dias, como ressaltou a parlamentar, ela afirma que não perde as esperanças: “Eu sou uma pessoa muito entusiasmada e com esperança no coração. Acredito que ainda veremos a nossa cidade com acessibilidade plena. Aos pouquinhos vamos chegar lá”.

Em consonância, o medalhista olímpico e fundador do Instituto Reação, Flávio Canto, abordou os jogos paralímpicos como exemplo para demonstrar o poder conscientizador do esporte para a inclusão de pessoas com deficiência: “Quando você tem uma criança assistindo uma competição de futebol de cegos, uma competição de judô de pessoas que não enxergam, você começa a criar uma relação de admiração que ajudava a desconstruir esses paradigmas.

A legislação carioca e o seu olhar para as pessoas com deficiência também foi debatida com profundidade. Raphaela Athayde, presidente do Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência (IBDD), elogiou o amparo legal que a cidade possui para a causa, mas criticou que elas nem sempre são seguidas como deveriam: “Se formos falar do ponto de vista legal, o arcabouço legal do Brasil, além da do Rio de Janeiro, é incrível. O nosso problema é o cumprimento de leis”. 

Para exemplificar, ela citou exemplos na educação e explicou que acessibilidade vai além do direito de ir e vir: “Quando a gente pensa em acessibilidade, a primeira coisa que vem na nossa cabeça é acessibilidade física, o direito de ir e vir com autonomia. Porém também precisa de um intérprete de libras, de uma tecnologia assistiva para uma pessoa cega, uma sala de recursos para uma criança que necessite da sala, um acompanhante”.

Idosos

Vogal da Comissão Permanente do Idoso, o vereador Paulo Pinheiro (PSOL) chamou a atenção também para a acessibilidade para essa parte da população: “A gente precisa entender o idoso. Ele precisa ter um espaço para as suas preocupações, como o lazer e o transporte coletivo”.

O parlamentar apontou, após a apresentação de dados que mostram o envelhecimento da população, a sua preocupação com o futuro, citando : “Como vamos dar condições a esse idoso, que não pode ficar sozinho, que precisa de algum tipo de ajuda. Como tratamos os idosos?”.




 

 

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Última modificação em Segunda, 13 Mai 2024 09:53
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